domingo, 27 de abril de 2014

Homero


No mesmo sol
Que acariciou o rosto
De Homero
Está a poesia!

Na mesa de bar
No falar do povo
Nos adágios gastos
No ônibus lotado

No fervor místico
Na sanha do ateu
Na voz da criança
Na pedra tumular

Na madeira podre
No desgaste dos ossos
No vento de sempre
No eterno rouxinol

A poesia está em tudo
Mas não se lança fácil
Aos nossos braços
Sem artefato

É preciso também ser íntimo
Da madrugada e do tempo
E uma predisposição
À tez do silêncio

É preciso paciência
Nada esperar
Nenhuma recompensa
Além da própria lírica

A poesia é mais importante
Que o poeta.

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