quinta-feira, 22 de maio de 2014

O outro de sempre



“Bioy Casares lembrou então que um dos heresiarcas de Uqbar declarara que os espelhos e a cópula são abomináveis porque multiplicam o número dos homens”
Jorge Luis Borges


O espelho é abominável
Me multiplica para me espreitar

Outrora tentei partir a imagem
Era vidro e aço apenas

Ambicionei matá-lo
De fome e sede
Ele se expandiu

Eu que independe
Do gesto
E do corpo

O espelho é o juiz:
Me julga  me dilui  
E me condena

Se sobrepõe
Ao ser inerme
Sem imagem

É ele sempre, no fim
A pôr
Um ponto final
Em mim.


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