no
bolso o pequeno livro que meu avô segurava
antes
de morrer:
prenúncio
de
um caminho áspero
na
pálpebra do tempo
a
sensação de que meus olhos
estavam
doentes
ou
todos adormeciam
deveras
algo
podre na beleza
poses
engessadas
e
não ser domesticado
o
crime reincidente
nada
se revelava claro
mas
as
hienas estavam sempre certas
e
proferiam seu estribilho:
com
certeza com certeza com certeza...
exumando
o morto ele continuará sorrindo
mas
eu jamais quis amarelar o sorriso alheio
eu
não quis ser o que veste o colete de chumbo
e
põe rugas de preocupação nos pombos
exumando
o morto ele não fará qualquer gesto de pudor
seu
sorriso descarnado estará lá
o
destino é sorrir
com
certeza com certeza com certeza...
seria
mais simples
contendas
corporais
e
exaurir sangue
ou
ler coluna esportiva
anos
o recesso
resguardando
o mito
vivo
em meu coração
apenas
não fechar os olhos e ver
o
inferno idealizado por Dante
sempre cravado na alma
círculos
gelo fogo
monstros
& feras
&
mares
no
meio do caminho
sozinho
uma
bolsa
com
meus próprios ossos
o pequeno livro do meu avô...
a
morte nasceu em mim.
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