não há escritores no café
não há vida na livraria
tudo está tão novo
e tão velho
cidade na qual
perdi meus olhos
cidade natal onde perdi
minha fé
apesar de suas ostentações
ainda é a minúscula província
no sul do sul
gente obtusa crê
em sangue sobrenome
e cartão de crédito
prédios históricos
e uma biblioteca imensa sobre
prédios históricos
A riqueza é um passado
construído com ignomínia
Já o presente é irrisório
os doutores
legisladores
gestores
florescem sem discurso
o futuro é umidade
e um pássaro de lama
onde a liberdade?
a estética burguesa
romanceada
bajulada
onde o frio
como aparato
artístico?
cidade na qual
estou entranhado
como um tubérculo
cheio de raízes
uma ilha
de asfalto e concreto
sem chance
de comunicação
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