no
outro dia encontrei-a
em
um porto pacífico
uma
laguna plácida enchia nossos olhos
como
contraste à turbulência da sombra
ela
descobrira missivas de sangue
que
eu deixava às portas dos sonâmbulos
queria
conhecer o lancinante guerreiro
que
não sabia lutar
mesmo
sem conhecê-la até então
reconheci
a amiga de várias infâncias
e
consorte do mesmo embate
recitei
meus diálogos com recessos escuros
do
meu destino amassado
enferrujado
em campo baldio
ela
me contou de versos esparsos e seus signos:
uma
rainha destronada
em
busca de um reino e do tempo
lutando
contra amplitudes
triste
insone
furando
na densa cortina da noite
caminhos
para a luz
tarde
de encontrar tesouros perdidos num naufrágio
tínhamos
o mesmo estigma
e
o mesmo gládio sóbrio
“está
um dia bonito, a vida tomando forma
e
teu rosto será sempre meu princípio
e
a inspiração para um bravo recomeço”
“eu
serei tua direção espiritual teu conforto
o
espelho do teu medo
e
a cura deste medo
tua
calma
e
crescerei ao teu lado
pois
também tenho enfrentamentos
tenho
desentranhado mitos muitos
do
coração”
ela
revelou profundezas
e
o licor de algures
ficou
na taça esquecido
mas
minha alma se encheu de esperança
eu
não estaria sozinho na contenda
juntamos
as mãos num gesto
novo
e ancestral
nos
reconhecemos, afinal
e
a solidão foi um barco que partiu vazio
com
sobras de outros dias
com
nossos despojos
caminhamos
juntos de mãos dadas
ao
pôr do sol
seguiremos
caminhando
no
breve tempo de existir
mesmo
que não haja sol.
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