terça-feira, 2 de junho de 2015

Eternidade

Inda é possível encontrar
Um esboço
De eternidade
Nesse porão que é a memória?
Ou no entrave desses velhos
Prédios reformados?

Há resquício
Do eterno
Nos solavancos
Desse mal intentado
Pedido de ilusão?

(Rilke e a certeza de seus anjos
Eliot e a certeza de seu deus...)

Os pergaminhos turvam os olhos
Olhos que
Já viram tanta dor
E hão de ver mais
E mais
Dor

Não seria mais fácil vir
A noite, simplesmente?

Não
A noite não quer o sono
A noite inquieta o louco
E seus planos de carne e osso
Mendicância e fístulas

A noite rejeita o sonífero
A noite esfrega teu rosto maduro
E virgem
Nas pedras deste mistério

Branco resto – futuro pó:
Nas migalhas noctívagas
Terás o ríspido gozo
Da escuridão

Não verás nada
E o destino é a
Bruta inquietação
De uma eterna pergunta
Que viverá mais do que tu


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