Ainda virás
Do olho das enchentes
Trazer o caule rachado de uma promessa
Ainda virás
Com o sorriso trincado
Trazer um hálito de culpa e pele de escusas
Espero que venhas
Para eu poder te olhar
Como alguém que olha
Um sapo morto ressecado
À beira duma cloaca
Ainda - eu sei
Virás trazendo restos de madeira
E fragmentos do azul vazio das tuas veias
Espero que tu venhas
Para que eu possa te ofertar
Minha hostilidade tímida
Meus lábios de lodo
Minha inocência de pedra
Que não entende de pássaros
E cartas de suicídio.
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