Canto a liberdade das noites inauditas
Quando realmente posso desaguar
De forma autêntica e sem sobressaltos
Canto por me aceitar transitório
E com isso ter mais ímpeto de suster a voz
Enquanto há voz e canto
Canto pelo insulamento e a comunhão
Que tento entrelaçar no meu traçado
Canto a renúncia pacífica
Dos bens mundanos
E a confiança na poesia
Canto a uva antes perecível
Até se tornar vinho e ser envasada
Até estimular minha verve
E fluir na tinta da minha caligrafia
Canto que é mais que prece louvação
É ofício luta desarmada
Sonho
Devaneio
Num mundo embrutecido
Sou eu explodindo na boca das ruas
Desejo-me o porta-voz
Das tardes e das noites
Meu templo imperfeito –
Essas palavras poucas que aprendi
E combino com o melhor de mim
E com o pior do Hades
Um dia serão ouvidas
Por aqueles que estão dormindo
Ou ainda não nasceram.
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