Fria noite
invernal
A ossatura
quebradiça – um vulto
A oscilar na cerração
Asas decepadas
De anjos curvos
Cata-ventos
amassados
Pés lamacentos
Estilhaços de
faróis
Bílis e copos
plásticos
O tropeço em cântaros
De destilado na
rua
Mel de nicotina
na garganta
Voz crespa pragueja
Em pensamento
O abismo é um inchaço
no fígado
A lua é idealização
Para outro fim
de semana
Com os velhos
sapatos marrons
O frio
arranhando o branco do olho
O pouco que há
do rosto
A jaqueta
parece um animal atropelado
Colado no corpo
É confortável
perder a fé na beleza
Às 4 horas da
manhã
A solidão já
não dói
A solidão é
nada é um arranhão
Sem sangue
Santos
Finalmente
Os cobertores gastos
O vir do sono
Dormir.
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