Meu corpo pequeno
Na cama
imensa:
Tamanho barco
a vela
Meu corpo de
1,74m
Intenta o
sono e o esquecimento
De um dia
lamacento
Com feridas
frontais
Mas vem vindo
da rua
Do pátio nu
Vem vindo
nítido
O som de uma
sacola plástica vazia
Tangida pelo
vento
Ela geme
como aparição
Trazida da
infância prescrita
É um finado
que fala o chilrear
De cartas
queimadas
Fístulas de um
exílio
Uma sacola
plástica
Ou a cabeça
de um corvo
Nas migalhas
de Palas?
Um mocho
agonizante
À beira da janela?
O vento, a
noite fria e encorpada
A solidão a
saudade de um rosto
A espera de
um amigo morto
Fazem da sacola
plástica
Um tumor
sutil
No fruto futuro
Da aurora
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