terça-feira, 4 de agosto de 2015

[não há culpados quando a noite avança]

Não há culpados quando a noite avança
E as almas entram em colisão
Explodem dois asteroides
No céu dos nossos olhos vermelhos

Não há culpados quando os dias que fizemos
Num instante se tornam inservíveis
Como as pêras esquecidas ou como a cerveja
Morna morta num copo às quatro da manhã

A harmonia dos corpos em noites indolentes
Disfarça o fel e a ferrugem natural do tempo
Por que no fim a solidão é um refúgio
Dessa eloquência de palavras gris
Muito proferidas no silêncio

Tudo explode tudo queima e não há culpados
Há um rio-lugar-comum
Sempre dizendo desse encontro
Como a véspera do que nos acostumamos a esperar
Já quase sem desespero

Não há culpados quando cada um carrega seu próprio abismo
E é cada vez mais funda a busca pelo outro
E nos afundamos mais ao procurar

Não há culpados e por isso mesmo nos perguntamos
Por que está acontecendo?
Seríamos velhos demais e o amor é novo?

Sim, o amor é novo o amor é virgem
Julgamos saber tanto um sobre o outro
Mas nos desconhecemos  muitas vezes
Não há culpados, só uma dor que não cessa
Lágrimas que não secam e saudades prévias.

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