Não posso
Não quero
Perder as palavras
Que ao longo da vida
Guardei
São poucas
Mas suficientes
Para possuir o tempo
E a noite
Garatujo o mar,
A fuligem que o vento leva,
O balouçar de ciprestes
Lua em véu – volúpia
Gládio de silêncio e fogo
Pilastras de mármore
Lira, Ítaca e caverna
Tumba prenhe de ouro
Rochas de espanto
Espumas aladas
Cadafalso onde improviso
Esse drama
Sons
Símbolo
Se desdobram
E se multiplicam
Palavras tão caras
Dependentes
Da máquina orgânica
Hemisférios
Neurônios córtex
Vasos sanguíneos
Carótida tálamo
Que eu morra
Antes de perder as palavras
Pois elas são meu corpo
Sólido & frágil
Mas persistente.
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